A demissão, há poucos dias, da diretora executiva da Turrisespaços veio colocar de novo o assunto “Turrisespaços” na agenda política local.
Esta empresa municipal que se tem
ocupado da gestão do Teatro Virgínia e de parte das infraestruturas de desporto
do concelho é um pesado encargo para as finanças da autarquia torrejana. O seu
novo contrato programa aprovado para vigorar em 2014 sempre deixou algumas dúvidas
no ar, porquanto se propõe explorar atividades de interesse geral nas áreas da
educação, da saúde, do desporto, da ação social e da cultura. Facilmente se
percebe que existe aqui uma invasão de terrenos que devem ser da exclusiva
responsabilidade da Câmara Municipal que, vendo-se arredada destas atividades
fica seriamente enfraquecida numa das suas principais funções, a promoção e
realização de políticas públicas nas áreas do desporto, da ação social e da
educação.
Também alguns setores da economia
local numa situação de crise económica que atravessamos e num mercado tão pequeno
podem ser afetados por estas políticas desajustadas da realidade.
Sabe-se que a Turrisespaços vive
essencialmente dos apoios municipais em forma de subsídios à exploração,
prestação de serviços, indemnizações compensatórias e até da faturação a clubes
desportivos.
Coisa diferente é o Teatro Virgínia,
pela sua singularidade, pelas atividades que promove, pela capacidade que tem
demonstrado em promover a cultura em várias vertentes. Torres Novas, é bom que
se reconheça, tem vindo a afirmar-se, a ganhar espaço no contexto regional e
até nacional graças ao trabalho que tem vindo a ser realizado pelo Teatro
Virgínia e claro está pelos seus trabalhadores/as.
Este vazio na administração da
empresa Turrisespaços deve ser aproveitado para o debate em torno do seu
futuro. Devem a Câmara Municipal, a Assembleia Municipal e as várias forças
vivas do concelho questionarem o caminho a seguir. Na minha opinião o caminho
deve ser voltar ao princípio, deixar a empresa municipal para a programação
cultural de referência, para o apoio e promoção da cultura no concelho, tudo o
resto deve regressar ao local de onde nunca devia ter saído – os serviços
municipais.
Antonio Gomes
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