Assembleia Municipal

14.01.2014

As alterações ao PDM são sempre polémicas, acima de tudo porque trazem associados, quase sempre, determinados interesses, ainda que por vezes legítimos. Mas ninguém ignora que a classificação do território traz sempre consequências: económicas, sociais, de interpretação. É por isso mesmo de toda a legitimidade que os processos sejam devidamente explicados, transparentes e rigorosos.

Consideramos que uma alteração parcial ao PDM só deve ser considerada por uma razão muito especial: onde o interesse público assim o exija. Não é por acaso que a lei prevê a revisão dos PDMs ao fim de 10 anos.

A primeira questão que gostaria de colocar prende-se com a oportunidade de  alterações como esta: porquê, agora, numa altura em que se quer apressar a revisão de todo o PDM? Se já esperámos tantos anos, qual é o argumento assim tão importante para termos de alterar agora, tão apressadamente como parece? Que interesses, que projectos o justificam, que problemas graves existem que o actual PDM esteja a dificultar?

A alteração proposta não é coisa pouca, como se quer fazer crer: são mais de 17hectares, ainda que parte já esteja ocupada.
Torres Novas, assim como o país, não precisa de novos espaços urbanizáveis. O país tem casas para mais de 30 milhões de habitantes e Torres Novas não foge à esta regra. Quantas casas existem vazias na cidade e no concelho? Largos milhares, como se pode ver nos Censos 2011. Este sim, é um problema sério por resolver.

A actual conjuntura económica é completamente desfavorável a estes investimentos, como todos sabemos, e o desemprego só agrava ainda mais este tipo de mercado. Ainda que uma parte deste território, agora alvo de alteração, já esteja ocupada (escola Artur Gonçalves, Mac’Donalds e outros adjacentes), o que indicia situações menos transparentes e que devem ser clarificadas, ainda assim, dizia, não se conhece na informação distribuída qualquer situação premente que justifique esta alteração.

Acresce que a proximidade de infraestruturas de depósito e comércio de combustíveis, de outros produtos inflamáveis e também de linhas de água, aconselhavam à realização de uma avaliação ambiental.

A revisão do PDM pode abrir um novo ciclo no desenvolvimento do concelho se tiver em conta a nova conjuntura e as novas exigências para novas políticas: no ambiente, na criação de condições para o emprego e na coesão económica e social do território, que conduza à sua harmoniosa ocupação e à sua sustentabilidade demográfica, que conjugue as suas particularidades próprias numa lógica de intermunicipalidade, que assuma com ousadia a ideia de que é possível alterar o actual estado de coisas em prol de um futuro mais promissor para os habitantes do concelho.

O BE considera que não foram apresentadas justificações suficientes para se proceder a uma alteração parcial do principal instrumento de ordenamento do território, no sentido da alteração da categoria de utilização do território.


Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Torres Novas

14 de Janeiro de 2013

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