O Hospital e a nossa saúde
Não vem ao caso falar sobre o ordenamento do território, a planificação dos investimentos de acordo com os interesses da população e do País, mas é sempre bom recordar porque esta história é recente, que foi a ausência de políticas estruturantes e o populismo eleitoral de PSD/PS que determinaram a construção de três hospitais num território que justificava apenas um, onde a concentração de meios técnicos e humanos daria outro nível, outra qualidade muito superior ao que temos hoje, desde que situado geograficamente a contendo de todos. Mas essa historia já lá vai, apesar de ser importante não esquecê-la.
Veio agora o governo a mando da Troika, é o que dizem, mandar afundar ainda mais a prestação de cuidados médicos à população. Concentrar serviços, concentrar valências, que o mesmo é dizer colocar a saúde das pessoas dependente de grandes deslocações. Quem puder vá, quem não puder aguente-se.
A maternidade em Santarém e Abrantes não pode ser, alguém tem de perdê-la, a cardiologia em Torres Novas e Santarém não pode, ou fica num lado ou no outro, ou quem sabe em Lisboa e assim por ai adiante, só os hospitais ditos centrais, nas grandes metrópoles vão concentrar a maioria das especialidades, é o esvaziamento do CHMT, é a saúde lá longe. A Portaria 82/2014 vem alterar profundamente a organização do SNS a nível nacional e terá impacto no nosso Centro Hospitalar e em todo o distrito. Retalhar o SNS, concentrando as especialidades médicas em alguns hospitais e reduzir o acesso das populações é o objetivo. Os privados (e são muitos) espreitam a oportunidade…
Esta é a política do Governo para a Saúde. Entra-nos em casa e atinge onde mais nos dói.
Se dói temos que ir ao médico e para isso precisamos do nosso Hospital!
É preciso enfrentar e confrontar esta política, é preciso participar e não fingir que é assunto para o vizinho do lado.
Antonio Gomes