Amarelo e verde
Dia 15 de Outubro o Bloco de Esquerda de Torres Novas reuniu com a equipa
que constitui a Comissão Administrativa do Clube Desportivo de Torres Novas.
Enquanto isso, vários jovens ocupavam os espaços exteriores e um grupo de
atletas, no relvado do estádio, cumpria os requisitos de treino.
Percebe-se a importância que ocupa este equipamento na vida das crianças e
jovens do concelho, na influência saudável que a atividade desportiva assegura,
promovendo de uma encetada o sentido de pertença e identidade comunitária.
Com histórica tradição na oferta desportiva, o CDTN oferece um leque
programático de atividades com profunda repercussão na vida dos mais de cerca
de 150 desportistas que treinam diariamente nas instalações do Estádio
Municipal.
Começada a conversa, desvela-se um novelo de situações que decorrem de
vários anos de gestão (clube) e administração (camarária) ruinosa, deixando o clube
a enfrentar profundas dívidas e uma sobrevivência precária. Perante um panorama
devastador, a atual Comissão Administrativa do CDTN, presidida por Maria do Céu Ramos, assumiu a gestão do clube, assegurando a oferta da prática desportiva, o
pagamento de algumas dívidas herdadas da anterior gestão e a sobrevivência de
um clube que dá vida ao Estádio Municipal de Torres Novas.
Com muita “carolice” e preocupação por fazer vingar um clube que tem
marcado orgulhosamente gerações de torrejanos e torrejanas, mas que também tem
assinalado a história do futebol nacional, o CDTN viu-se ainda despojado de
instalações para a sua sede (que ocupava anteriormente a Casa das Lezírias
antes da remodelação). Note-se que a sede não foi “devolvida” ao clube que reúne
agora numa sala improvisada contígua ao estádio.
É visível o estado degrado das instalações do complexo desportivo do
Estádio Municipal, desde as caldeiras, ao edificado, iluminação, campos, balneários,
telheiros, infiltrações, etc…
A manutenção do espaço cumpre com necessidades específicas para o
cumprimento de treinos e campeonatos, que são regularmente vistoriadas pela
Associação de Futebol de Santarém. Sendo interdependente da Câmara Municipal de
Torres Novas (proprietária do Estádio Municipal), o CDTN está necessariamente
sujeito às intervenções, ou ausência delas, da gestão do Município. Soubemos da
necessidade do complexo desportivo ter um campo de relva sintética para o campeonato
dos mais pequeninos “futebol 7”, assim como os 3 escalões de futebol 11 mais jovem, sendo
que as alternativas apontadas quer da Meia-Via, Casais Castelos ou Lapas, também foram chumbadas
para o efeito, por iguais motivos de falta de condições. Algumas soluções são
resolvidas pelo próprio Clube fora do seu âmbito de atuação, para assegurar as
atividades desportivas, nomeadamente a aquisição de tintas para marcação de
campos, mas muitas são as soluções resilientes que este coletivo enfrenta. Em
iguais circunstâncias de precaridade, encontra-se o grupo desportivo das Lapas
que não dispõe de balneários.
O complexo desportivo do Estádio Municipal, responde ainda às atividades do
Agrupamento de Escolas de Maria Lamas do Clube Desportivo da Zona Alta e ainda
do Núcleo Sportinguista, estando o CDTN numa posição privilegiada para
verificar e diagnosticar necessidades e assegurar a melhor solução para a
manutenção das instalações. Porém, tem-se verificado, por parte do Município,
uma incapacidade para assumir diálogo e responsabilidades, atuando por vezes,
de forma desapropriada, agindo às cegas e depois tendo que destruir e
reformular porque não foi bem feito às primeiras, o resultando em
desperdício de tempo, meios, recursos e vontades. Aumenta a perplexidade quando a
Comissão Administrativa do CDTN refere a falta do convite para colaborar na 1.ª MOSTRA DO
ASSOCIATIVISMO TORREJANO, (que decorreu
nos passados dias de 11, 12 e 13 de setembro, na Praça do Peixe), contrariando
a informação divulgada.
A verdade é que estamos perante uma demonstração de profundo desleixo do
Município pela manutenção dos complexos desportivos do Concelho, mas percebemos
que muitas soluções poderiam surgir, passo a passo, se houvesse um diálogo e
colaboração consequente, entre o Município e a Comissão Administrativa do CDTN,
assumindo a oportunidade que nos oferece a História, a vontade inabalável de
sócios, atletas, equipa administrativa e amigos do Futebol e Desporto Torrejano.
Pelo contrário, o que verificámos foi um autismo muito sério e grave, perante a
realidade desportiva assegurada pelo Clube, com óbvio impacto na vida
desportiva do Concelho e de toda a população que usufrui destes equipamentos.
Graça Martins
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