A outra “Praça”
Bem escondida e em silêncio, assim tem crescido,
vagarosamente, aquilo que se designou por “praça”, bem no meio do centro da
cidade. A antiga garagem dos Claras.
À medida que vai crescendo vão aparecendo as suas
particularidades: primeiro foi a fachada, tinha que ser preservada, mas com a
fachada ficou aquele mamarracho que esconde, primeiro, a dita “praça” e depois
a envolvente, todo o casario. Ao invés de facilitar o trânsito e a circulação
de pessoas, só dificulta. Ali está ele - o mamarracho
de pé e hirto.
Mais tarde vimos crescer as colunas e as vigas de
sustentação em materiais que só com muito esforço alguém consegue identificar
como adequados e em harmonia com todo o espaço envolvente.
Agora, pasme-se, veio a cobertura, porque a praça é coberta,
tipo pavilhão e o que se vê é um telhado com cobertura metálica, ali mesmo no
centro da cidade de Torres Novas, paredes meias com o Castelo. Imagine-se uma
fotografia aérea….
Como é possível construir-se uma coisa daquelas? Um atentado
à harmonia formal e ao edificado envolvente? Cobertura com telhas metálicas?
As praças são por natureza espaços de liberdade, esta “praça”
está aprisionada, cercada por todos os lados, não consegue respirar. Esta “praça” precisa de libertar-se, precisa de olhar e ver
a outra, logo ali ao lado, apenas com o edifício do antigo quartel dos
bombeiros de premeio.
É uma pena aquilo que é para se ver, estar escondido e é uma
pena aquilo que é para ser bonito ficar feio e completamente desintegrado do
contexto.
António Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário