quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Reunião de Câmara Municipal extraordinária privada - Declaração Voto BE


 

27 de Novembro de 2015

Declarações de Voto

1 – 2.ª Revisão ao orçamento da receita; 2.ª revisão ao orçamento da despesa; 2.ª revisão ao Plano Plurianual de Investimento; 2.ª revisão do Plano de Atividades Municipais (ASSUNTO 604/15)

Os fundamentos que determinam esta revisão orçamental são claros e bem expressos nos documentos elaborados pelos serviços:

- antecipação da amortização de empréstimos dando cumprimento ao estipulado na Lei do Orçamento de Estado , medida que consideramos injusta, mas que decorre da Lei, obrigando o Município a concretizá-la;

- deslizamento da execução das obras para 2016, o que revela incapacidade da Câmara Municipal e no caso da obra da Av. João Paulo II, as dificuldades em obter o visto prévio do Tribunal de Contas, pois foi uma opção errada.

- acomodar a verba para a aquisição do terreno para o futuro quartel dos bombeiros

- acomodar o pagamento da indemnização à Construtora LENA, fruto do acordo assumido pelo Presidente da Câmara.

O BE não acompanha as opções políticas que determinam estas alterações, nomeadamente no que diz respeito ao deslizamento das obras para 2016 e ao pagamento da indemnização à Construtora LENA, por isso votamos contra.

3 – Documentos Previsionais para o ano de 2016 – Ajustamento (ASSUNTO 570/15)

A posição do BE, sobre os documentos previsionais para 2016 está expressa na declaração de voto. Os “ajustamentos” agora apresentados surgem, em grande parte, devido ao facto do valor de “financiamento não definido” estar absolutamente desproporcional em relação ao “financiamento definido” e todo concentrado no mesmo ano (2016), para além de não ser dada informação sobre a fonte de financiamento desse mesmo financiamento.

O BE criticou esta situação. Verificamos agora que o “financiamento não definido” baixou de 10.759.516 euros para 6.523.413 euros, sendo a diferença distribuída pelos anos seguintes, sobretudo em rubricas de obras. No entanto não se percebe o critério que fez deslizar o financiamento destas obras para os anos seguintes e porque algumas baixam de valor e outras sobrem de valor. Ficam aqui apenas alguns exemplos:

(n.º projecto)+(designação da obra)+(ano previsto)

2008/219 – Rotunda do Cerejal – 2017; 2012/90 – Nova via de acesso C. Esc. Olaia – 2018 e 2019; 2012/97 R. 1.º Dezembro e envolvente do Castelo – 2017; 2014/80 Qt.ª Pega – 2018; 2015/99 Cç António Nunes – 2017 – reduz de 75.000 euros para 35.000; 2015/139 Casais de Igreja – 2017 – reduz de 50.000 para 20.000 euros; 2016/23 Pavimentações – 2017 reduz de 270.000 para 200.000 euros; 2016/23-4 Betuminoso – 2017 – reduz de 77.500 para 17.500; 2014/112 Musealização das Torres – aumenta de 340.000 para 400.000 e continua a não haver referência à fonte de financiamento; 2016/14 Aquisição de equipamentos – 2017 – reduz de 137.500 para 30.000; 2014/33 Oficinas e armazém da CM – 2017 e 2018.

Por outro lado, todas as obras previstas no PEDU, que já foi candidatado aos fundos comunitários, sem decisão camarária, aparecem em branco, não se percebendo porquê.

Estes “ajustamentos” agora introduzidos ao Orçamento Municipal para 2016 não mudam nada, tornam, talvez, mais claro, que existem muitas obras inscritas, que a maioria socialista não tenciona executar, pois empurra-as para a frente, inclusive para datas fora do mandato desta vereação.

E também sabemos a razão para tal acontecer – o pagamento da indemnização à Construtora LENA concentrado num só ano. São opções, opções políticas, com as quais discordamos em absoluto. O voto do BE é um voto contra.

 

4 – Plano de Saneamento Financeiro/PAEL – Atualização (ASSUNTO 609/15

A atualização do Plano de Saneamento Financeiro é uma necessidade, aliás várias vezes referenciada nos relatórios trimestrais de acompanhamento e execução do Plano de Saneamento Financeiro e Ajustamento Financeiro do Município. O documento elaborado pelos serviços é um bom documento, factual, bem elaborado tecnicamente que nos permite uma visão alargada sobre a situação financeira do Município. E estão lá bem claros os grandes constrangimentos. Em primeiro lugar o serviço da dívida, que significa 13,6% da receita até 2018, sendo que só em 2026 se pagará a dívida, se as coisas correrem como previsto. Em segundo lugar a pouca disponibilidade para investimento, que se situa nos 1,3 milhões de euros, deixando pouca ou nenhuma margem para investimentos fora dos fundos comunitários e mesmo assim reduzido.

No documento é também claro sobre a redução de pessoal a que o Município tem vindo a ser sujeito, fruto das políticas do anterior governo, assim como o peso dos impostos diretos pagos pelos/as munícipes que, em parte, não podem ser investidos e são obrigatoriamente alocados ao pagamento da dívida.

Não é uma situação fácil. Mas não podemos deixar de apontar as responsabilidades a quem conduziu o Município nos últimos anos, criou a dívida e fez as opções políticas que a determinaram. E são as opções políticas presentes neste documento que nos levam a votar contra. A primeira tem a ver com a realização de mais um empréstimo (600.000 euros) que tem por destino o pagamento da indemnização à Construtora LENA todo ele concentrado em 2015 e 2016. A segunda tem a ver com a previsão de 180 mil euros de receita oriunda do Parque Almonda e de mais 702 lugares de estacionamento na cidade. Ou seja tudo ficará taxado e nem sequer sabemos como se chegou a este valor de receita, que, como é facilmente verificável, é muitíssimo exagerado, até tendo em conta que o parqueamento será gratuito nos próximos 6 meses, no mínimo.

É ainda de sublinhar a necessidade apontada no documento sobre a alteração da forma jurídica da Resitejo, para a qual o BE tem alertado e a ausência de medidas no campo da eficiência energética. Quanto ao orçamento base zero é preciso otimizar as medidas já tomadas. Tendo em conta o valor dos processos pendentes em Tribunal justifica-se que o advogado da Câmara faça uma exposição à Vereação sobre as matérias em causa.

5 – Sistema de Transportes Urbanos Torrejanos/Concurso Público Internacional (ASSUNTO 618/15)

Quanto a este assunto há um primeiro problema que urge resolver: o contrato termina a 31 de Dezembro de 2015 e a abertura do Concurso ainda nem sequer teve lugar e, as previsões apontam para a sua conclusão nunca antes de Junho 2016.

Tudo indica que, para que os transportes não deixem de funcionar, se vai realizar um “ajuste direto” com a empresa que neste momento detém o contrato. Mais um ajuste direto. Penso que deve ser dada uma resposta à questão: porque é que deixámos esta situação chegar a este ponto?

O BE entende que se deve fazer uma análise rigorosa do serviço de transporte e ir mais além no novo concurso, melhorando o serviço público de transporte coletivo em Torres Novas, nomeadamente nos seguintes aspetos:

- coordenação dos horários com outros modos de transporte;

- ajustamentos aos percursos;

- coordenação com outros transportes municipais;

- equipamentos eficientes do ponto de vista ambiental.

Ficam aqui alguns reparos e sugestões ao Caderno de Encargos apresentado:

Artigo 3.º - Prazo - alteração das datas, devem constar as datas reais.

Artigo 4.º c) – Obrigações principais do prestador de serviços – deve ser acrescentado, “sem custos para o utilizador”

Artigo 8.º n.º 3 – Preço contratual – explicitação dos cálculos do valor do contrato, nomeadamente do valor por km.

Artigo 14.º - Modificações objetivas do contrato - Retirar o arbitral, está em contradição com o artigo 17.ª

 

Artigo 23.º - Meios rolantes necessários - Encontrar outro tipo de redação para que fique absolutamente claro se os circuitos são realizados por uma ou por duas viaturas.

 

Artigo 31.º n.º 6 – Outras condições  – Insuficiente. Devia existir uma margem para possíveis alterações, definitivas ou pontuais, sem acréscimo de custos – ex: o caso de Casais Castelos e a realização de eventos, etc.

 

A Vereadora do BE

Helena Pinto

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