O carreiro
das cobras
O “carreiro das
cobras” é um caminho de terra batida rodeado de arbustos, de vários sobreiros,
azinheiras e carvalhos, arvores centenárias únicas no perímetro urbano da
cidade de Torres Novas.
Este caminho vai
acabar. O alcatrão e o betão armado vão tomar o lugar do verde e daquela
paisagem campestre que ali existe. Aliás as árvores majestosas já estão
marcadas para abate.
Lamento
profundamente que as opções políticas sejam sempre neste sentido. Trata-se de
optar entre o interesse público e o interesse privado. Só o Bloco de Esquerda votou
contra esta opção.
Aquilo que em
alguns locais é transformado em oportunidade, que neste caso é ter o campo
dentro da cidade, protegendo o meio ambiente, assegurando um futuro com
respeito pela natureza e permitindo às gerações futuras usufruírem de mais
qualidade de vida, em Torres Novas o caminho é ao contrário, o cimento e o
alcatrão são os ingredientes da paisagem ideal.
Julgo que outra dúvida
legítima e pertinente se levanta, falo das prioridades dadas às obras, neste
caso às obras de redes viárias. Quando existe um número significativo de
estradas, em particular nas freguesias rurais do concelho em estado miserável,
quando a Av. João Paulo II, principal artéria de entrada na cidade de Torres
Novas se encontra à beira da rotura, quando a EN3 - ligação ao concelho
vizinho, Entroncamento, se encontra quase intransitável, vai o município gastar
mais de 223 mil euros na infraestruturação de uma estrada que não serve a
ninguém. Trata-se de um loteamento, dizem. Mas mesmo assim, será que se
justifica? Julgo que não.
Quanto aos
procedimentos de permuta de terrenos para o alargamento do “carreiro” também
deveria ser melhor explicado. Tira-se de um lado (carreiro das cobras) e dá-se
do outro (av. dos Negréus), mas é preciso dizer que estes terrenos privados,
com a construção da via, valorizam nos dois extremos.
Mas a cidade perde.
Antonio Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário